Besourinho

Tudo bem, no vídeo rola um chorinho e o moleque tá meio agitado... Então, imagine-se no fim de uma madrugada mal dormida, não porque você estava festejando a vitória do seu time, o falecimento da sua sogra ou porque estava curtinho a noite com sua esposa e amigos, mas porque você estava cuidando do seu caçula. É, o caçula! Aquele que começou a vida dormindo bem, quase cinco horas seguidas de descanso, digo, de sono; aquele que mamava um pouco e dormia mais um tanto. Aí você pensou: beleza! Agora vai ser mole! É, aquele que passou cinco meses te contanto esta lorota, mas, do nada, começou a chorar por água, leite, chupeta, afago, "cheiro", cafuné, mimo, paparico a cada meia hora... da madrugada! Pois é. Não é uma tulipa de cerveja, uma taça de vinho ou de espumante a cada meia hora, não! É como viagem longa de ônibus que para a cada dez quilômetros para descer e subir passageiro. Então, entendeu? Como toco de enxurrada, que vem descendo o rio e a cada quanto para pra conferir a margem, a pedra e a folha. Horas lentas, relógio pachorrento... Ao fim desta jornada de Sísifo, você se encontra sem conseguir abrir o olho esquerdo e sem conseguir fechar o direito ou vice-versa, não importa, pois você não sabe mais a diferença mesmo, você se encontra com um braço dormente e o outro pendente, sem noção de tempo e espaço... É quando o moleque te olha sorrindo com boca e olhos, toca seu rosto lentamente com mãos inacreditavelmente pequenas e frágeis, numa carícia que parece um sopro leve e úmido, e faz um "besourinho"... Dá pra reclamar?